Bolívia, ahhh Bolívia! Vocês lerão em muitos dos meus textos que "este lugar é incrível". Falarei isso da Bolívia 1000 vezes!!

Antigamente, quando falávamos em Bolívia, pensávamos apenas em tráfico de drogas. Porém o país é mais que isso. Nada de luxo e, muito menos, infraestrutura, mas repleto de uma beleza natural incrível.

Chega-se, de avião, por Cochabamba, La Paz, Santa Cruz de la Sierra e Sucre, mas nós fomos de carro a partir de San Pedro de Atacama, no Chile. A viagem inicial não é longa, mas pode acontecer da estrada entre os países ficar fechada por causa de “burrocracia” dos governos e a duração se estender muito, como aconteceu com a nossa. Por um lado isso não foi ruim, pois fomos "ambientando" com a altitude.

Qualquer pessoa pode comprar o passeio em San Pedro, mas normalmente a hospedagem é em albergue, que particularmente, como disse no outro post, não se parece comigo. Ficamos em hotéis, considerados maravilhosos para a região, mas não eram! O padrão só era alto para o país, que é muito pobre... Muito pobre mesmo. Nós optamos em comprar no Brasil e ficamos 4 dias inteiros. É possível ficar apenas 3 dias também ou montar o roteiro personalizado. A escolha da agência de viagens local é de EXTREMA importância. Não queria ir para a Bolívia economizando muito, pois o país tem as suas limitações e agências muito baratas podem representar perrengue maior na viagem, que já conta com vários naturalmente. 

Vai ter perrengue, mas alinhando as expectativas, o final é feliz! Eu não era muito aventureira quando fiz esta viagem e a minha “cara de nojo” quando entrei no primeiro hotel ficou na memória das minhas amigas e ainda fui taxada de chata, e sou mesmo, mas é que o Tayka Del Desierto é um hotel de pedra escura que parece ser sujo e nos fez relembrar aquele desenho “Caverna do Dragão”.

  

 

Há 60 anos não chovia nessa região do deserto e, neste dia, a chuva formou até enxurrada na areia amarronzada que circundava o hotel. Sorte??? Acredito que sim! O frio cortava a alma e unido à água da chuva, em alguns momentos da viagem, nos deparamos com uma neve fina e linda.

 

O destino era o Salar de Uyuni, mas o início da viagem foi muito mais emocionante e cheio de adrenalina.

Fomos guiadas por uma “águia” (um dos motoristas), a sua “sombra” (o motorista do outro carro) e uma contadora de histórias bolivianas. Descobrimos que eles não tinham GPS, nem qualquer outro instrumento de orientação. Celular?! Um luxo capitalista que só servia para tirar ótimas fotos. Fizemos a simples pergunta de como eles sabiam para onde ir, já que as rodovias eram inexistentes em grande parte da viagem. A resposta foi: pela Cordilheira!!!

 

Para chegarmos ao hotel de Sal, onde passaríamos a segunda noite, andamos por entre lagoas, cemitérios incas, muitos e muitos flamingos, lhamas e a tal cordilheira que nos mostrava o caminho certo. Nessa aventura caminhamos dentro de um vulcão lindíssimo e ativo. Isso mesmo, ATIVO!!! A nossa guia, nos contou, na maior calma do mundo que uma das partes tinha entrado em erupção dias antes e que teríamos que andar atrás dela, quase que passo a passo, para não ter perigo. Desespero quase que visível, mas não perdi a oportunidade de tirar muitas fotos e guardar na minha memória aquele momento que poderia nunca mais se repetir.

 
 
 

Estávamos a quase 5 mil metros de altitude. Este é um grande problema para quase todos que visitam lugares altos. Tivemos dores de cabeça e quase todos os sintomas do “mal de altitude”, que é a dificuldade do organismo em absorver oxigênio. Para quem não sabe, a pessoa tem náuseas, alteração da cor das extremidades do corpo, confusão mental, perda de apetite e até a morte. Por isso, os bolivianos nos dão folhas de coca para mascar. Isso não é crime! O gosto é muito ruim, mas realmente melhora o mal estar.

Após passar uma noite muito bem dormida e mais confortável, chegou o tão esperado dia para conhecer o Salar de Uyuni. A chuva torrencial caia desde a noite anterior e o Salar já não era mais um deserto imenso de sal. Poderia ser uma lagoa para refletir as nossas imagens, mas também não era isso que víamos, pois a quantidade de água fez com que a movimentação fosse grande e o Salar virasse um rio. A frustração tomava conta da gente. De qualquer forma, fizemos o passeio e os nossos anjos protetores nos levaram só até onde era seguro, porque andar no salar alagado pode ser muito perigoso. 

A partir daí, seguimos para o nosso segundo “Caverna do dragão”. Um dia inteiro de grandes emoções e longas distâncias, num esquema “Rally Dakar”. Não estou exagerando de jeito nenhum!!! Estradas alagadas e derrapando, rios, deserto, paisagens maravilhosas e uma experiência inesquecível. Consegui dormir um pouco para descansar e quando despertei vi que estávamos parados frente a uma falha na estrada e um ônibus quebrado. Perguntei o que era aquilo e fui surpreendida com um comentário do tipo: "acho que o nosso rally terminou aqui. Será que conseguiremos passar?" Quando o vi motorista do nosso carro estava analisando a profundidade, vestido só de cuecas, e estudando a melhor forma de atravessarmos aquela falha. Deu tudo certo!

 

Chegamos mais tarde no último hotel e fomos muito bem recepcionadas pelo gerente bacaníssimo que nos informou que há anos não chovia e nevava tanto. Nos contou que os turistas daquela região eram, na sua grande maioria, franceses, alemães e até russos, mas que brasileiros eram poucos. Que desde o ano anterior a procura pela Bolívia tinha crescido, mas que nós ainda tínhamos muito medo.

Ali perto existem lugares para escalada de picos e esportes radicais. Poucos horas a mais, chega-se na Amazônia boliviana, que acredito ser a parte mais perigosa do país, por causa do tráfico.

Você deve estar pensando como eu, essa maluca, gostou tanto de um país que não tem energia direito, não tem comida à vontade (porque comíamos o que nos davam e a nossa única escolha era carne vermelha ou branca, que deveria ser de lhama ou frango sempre. Para não comer "lhama", comemos frango nos 4 dias), não tem rodovia asfaltada nessa região e nem telefone celular? Pois é, acho que por isso mesmo!!! Os mochileiros de plantão adoram este esquema maluco e descontraído de viajar. Eu, mesmo não sendo adepta da falta de conforto, amei. Vivemos experiências autênticas nas casas dos nativos, recebemos o carinho de pessoas que nunca vimos e que nos receberam para almoçar...

 

Dentre algumas dicas que posso dar sobre a Bolívia estão:

1) Qual a melhor época: 

Época de chuva: no verão, de dezembro até março (os meses de fevereiro e março têm menos chuva e o Salar estará com efeito espelhado). Neste período podemos ser impedidos de conhecer alguns lugares, devido ao nível da água. 

Estação seca: de maio a outubro e o Salar fica com o aspecto craquelado. É possível visitar todas as atrações da região nessa época.

Imagens da internet.

 

2) Se o seu pacote tem refeição e se o guia o acompanhará em toda a viagem. Mesmo assim leve lanchinhos. Não há local para comprar nada facilmente. 
 

3) Nunca, eu disse nunca, levar uma mala enorme. Viaje leve e leve sempre um casaco corta vento e roupas térmicas. Independente da época do ano, passamos por lugares diferentes e pode fazer muito frio e os hotéis não têm aquecimento. Pense nisso! Leve bastante protetor solar, óculos escuros e roupas fáceis de lavar, caso precise. 

 

4) Tire muitas fotos e depois passe meses relembrando cada um dos momentos lindos que viveu.

 

5) Monte um kit higiene e de medicamentos: lenços de papel, lenços umedecidos e álcool gel. Leve todos os remédios que tem costume de tomar, principalmente para o estômago e para dor de cabeça. Como disse acima, o mal de altitude (soroche) é comum para nós brasileiros, pois não estamos acostumados com altas altitudes. A folha de coca é oferecida pelos guias e ajuda muito. 

 

6) Troque dinheiro antes de iniciar o tour. Ter a moeda local é importante, pois não há caixa eletrônico durante o circuito. Eu troquei na fronteira, enquanto esperava o trâmite de imigração. Não é preciso muito dinheiro, mas pode ser preciso pagar algum banheiro, entrada de algum parque ou alguma comida. 

 

Não recomendamos conhecer o Salar sem uma agência. Por ser um deserto, não existem postos de combustível, borracharias, hotéis e restaurantes por todos os lados. Não conte com o GPS e nem com sinal de celular. Ou seja, melhor contratar uma agência e viajar tranquilamente. 

 

Caso você não tenha tempo e precisa de ajuda para organizar sua viagem, entre em contato conosco. Nós montamos uma viagem personalizada para você. Somos uma agência de viagens que comercializa, além das viagens, elaboramos o roteiro sob medida. Otimizamos o seu tempo e desenhamos a sua viagem com o seu perfil.

Até a próxima viagem!

 

Descubra os segredos de uma viagem pelo Deserto do Atacama

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