A cidade alentejana de Beja é capital do Baixo Alentejo e tem uma história fascinante, marcada pela presença romana e moura.

Percorrer as ruas estreitas, empedradas e labirínticas da cidade velha, ou explorar as movimentadas “avenidas de comércio”, nos conduz a recantos encantadores entre o castelo e suas imponentes muralhas. O casario antigo se entrelaça harmoniosamente com a arte urbana, enquanto igrejas monumentais, conventos históricos, parques e museus enriquecem a paisagem. E, claro, não podemos esquecer os autênticos bairros da Mouraria e da Judiaria, sem contar os segredos que se revelam a cada esquina.

 

Para a sua viagem, priorizamos passeios autênticos e experiências gastronômicas que os locais adoram.

 

Dia 1 – História e Gastronomia

Ao chegar a Beja, somos recebidos por marcos emblemáticos que revelam a riqueza histórica e cultural da cidade antes mesmo de adentrarmos sua malha urbana. O Moinho Grande, com sua imponente estrutura, é um símbolo das antigas tradições agrícolas da região, um vestígio do passado que se integra harmoniosamente à paisagem contemporânea.

Logo adiante, a rotunda da Força Aérea presta homenagem à aviação militar, lembrando a importância estratégica da Base Aérea de Beja, que há décadas desempenha um papel crucial na defesa e no treinamento de pilotos.

O Parque da Cidade, extenso e versátil, convida moradores e visitantes a momentos de lazer e bem-estar. Seja para caminhadas ao ar livre, atividades esportivas ou simplesmente para contemplar a natureza, este espaço polivalente é um verdadeiro refúgio dentro da cidade.

Por fim, a Ermida de Santo André, de estilo mudéjar, nos transporta para séculos passados, refletindo a influência árabe na arquitetura alentejana. Com suas linhas simples e atmosfera serena, essa construção ancestral é um testemunho do sincretismo cultural que moldou a identidade de Beja ao longo dos tempos.

Juntos, esses pontos de referência dão as boas-vindas à cidade, preparando-nos para explorar suas ruas históricas, suas tradições vivas e sua autenticidade singular.

 

O que conhecer:

- Castelo de Beja:

Uma das torres mais altas de Portugal, de onde se tem uma vista incrível da planície alentejana. O Castelo está aberto ao público de segunda a domingo, das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. A Torre de Menagem, com seus 40m de altura, tem horários ligeiramente diferentes: das 09h30 às 12h00 e das 14h00 às 17h15. O bilhete individual custa €2,00, e a visita guiada tem um custo adicional de €1,00 por pessoa. Seniores com 65 ou mais anos*: 50%. (valor em 2023). Vale a pena pagar o bilhete e subir os duzentos degraus para contemplar o interior dos seus três pisos bem preservados e as vistas 360º do melhor mirante de Beja.

No interior do castelo, encontra-se a Praça de Armas, onde está situada a Casa do Governador. Este edifício, cuja construção original remonta ao século XV, sofreu várias intervenções ao longo dos séculos. Atualmente, o piso térreo abriga o Posto de Turismo de Beja, enquanto o segundo piso é ocupado temporariamente pelo Museu Jorge Vieira, dedicado à obra deste renomado escultor português.

 

- Museu Regional de Beja:

Fica no antigo Convento da Conceição, onde viveu Mariana Alcoforado, que inspirou as “Cartas Portuguesas”. Fechado às segundas e aberto das 09:30h às 12:30h e das 14h às 17:15h. Para adquirir ingressos para o Museu Regional de Beja (Museu Rainha D. Leonor), você pode comprá-los diretamente na entrada do museu, localizado no Largo da Conceição, 7800-131 Beja. O valor do ingresso é de €2,00 por pessoa.

 

Beja possui diversas igrejas históricas de grande valor arquitetônico. Algumas das principais são:

- Sé Catedral de Beja (Igreja de Santiago Maior):

Construída no século XIV, em estilo maneirista, é um dos marcos religiosos mais importantes da cidade.

 

- Igreja de Santa Maria da Feira:

Mistura estilos gótico, manuelino e renascentista, sendo a matriz da cidade.

 

- A Igreja de Santa Maria

É uma das mais antigas da cidade. Construída sobre uma antiga catedral cristã e posteriormente uma mesquita islâmica, foi erguida após a reconquista cristã no século XIII. Possui elementos góticos na cabeceira, uma galilé do século XV e reformas dos séculos XVI e XVIII. Seu interior destaca-se pelas três naves abobadadas, a “Árvore de Jessé” e um retábulo da Última Ceia atribuído a Pedro Alexandrino. A torre sineira abriga um relógio de 1761 e um sino do século XIV.

 

- Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres:

Destaca-se pela devoção às Sete Dores e Sete Alegrias da Mãe de Deus, com culto fortalecido no século XVI. Ela acolhe o Museu Episcopal com arte sacra, e à Capela de Santo Estevão, um dos templos mais antigos de Beja.

 

- Igreja de Santo Amaro:

Abriga o Núcleo Visigótico do Museu Regional de Beja, sendo um importante vestígio da arte visigótica.

 

- Convento de Nossa Senhora da Conceição:

Monumento Nacional fundado pelos Duques de Beja, hoje sede do Museu Regional da cidade.

 

- A Igreja da Misericórdia de Beja, Monumento Nacional:

Foi construída no século XVI por ordem do Infante D. Luís. Inicialmente projetada como mercado público, acabou sendo doada à Santa Casa da Misericórdia. Seu estilo renascentista italiano, inspirado nas loggias de Florença, destaca-se pela planta quadrada e colunatas sustentando abóbadas. Localizada na Praça da República, está aberta diariamente das 9h00 às 18h00 e é uma das construções mais singulares de Beja.

Antes de visitar, é recomendável verificar horários e possíveis necessidades de agendamento.

 

 Ainda no Centro Histórico com suas ruas de pedras e casas caiadas, conheça a Praça da República um centro nevrálgico da cidade. É rodeada por edifícios históricos, incluindo a Igreja da Misericórdia e a Câmara Municipal. É um local ideal para apreciar a arquitetura local e desfrutar da atmosfera vibrante de Beja.

 

- Núcleo Museológico da Rua do Sembrano:

Este espaço oferece uma viagem no tempo, apresentando vestígios arqueológicos que testemunham mais de 2.500 anos de história de Beja, desde a época romana até aos dias atuais.

 

- Jardim Gago Coutinho e Sacadura Cabral:

Este bem cuidado parque público no centro da cidade possui vários monumentos, fontes, uma pérgula e um pavilhão. É um local perfeito para relaxar e apreciar a tranquilidade.

 

- Os bairros da Mouraria e Judiaria de Beja são testemunhos vivos da rica herança cultural e histórica da cidade, refletindo a diversidade de povos que habitaram a região ao longo dos séculos.

Mouraria de Beja – Um Vestígio da Presença Muçulmana

A Mouraria de Beja remonta ao período da ocupação islâmica da Península Ibérica (séculos VIII a XIII). Após a conquista cristã, os mouros que permaneceram na cidade foram relegados a um bairro específico, conhecido como Mouraria. Este espaço manteve traços da arquitetura e cultura islâmica por séculos, com ruas estreitas e sinuosas, pequenas casas caiadas e vestígios da influência árabe na organização urbana.

Embora a Mouraria tenha se transformado ao longo dos anos, ainda é possível sentir sua história nos detalhes arquitetônicos e na disposição das ruas. O bairro é um ótimo local para passeios tranquilos, explorando a herança islâmica que se entrelaça com o cenário medieval da cidade.

Judiaria de Beja – Memórias da Comunidade Judaica

A Judiaria de Beja foi um dos principais núcleos judaicos do Alentejo durante a Idade Média. A comunidade judaica de Beja era formada por artesãos, comerciantes e médicos, que desempenhavam um papel essencial na economia local. O bairro possuía sinagogas, escolas e um ambiente vibrante de trocas comerciais e culturais.

Com a expulsão e conversão forçada dos judeus em 1496, muitos fugiram ou se tornaram cristãos-novos. Apesar da destruição de boa parte da infraestrutura judaica original, ainda se encontram referências e registros históricos desse período. Hoje, a área da antiga Judiaria preserva o traçado medieval e algumas características arquitetônicas típicas.


- O Jardim Gago Coutinho e Sacadura Cabral é um dos espaços verdes mais emblemáticos de Beja, proporcionando um ambiente tranquilo e agradável para moradores e visitantes. Localizado no coração da cidade, é um ótimo local para passeios relaxantes, encontros casuais e momentos de contemplação.

O nome do jardim é uma homenagem a dois grandes heróis da aviação portuguesa: Gago Coutinho e Sacadura Cabral, que em 1922 realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, ligando Portugal ao Brasil. Este feito histórico marcou a aviação mundial e reforçou os laços entre os dois países. O jardim celebra essa conquista com monumentos e referências à aviação.

Recomendamos este passeio se você deseja um momento de pausa entre os passeios históricos. É um excelente local para apreciar a natureza e refletir sobre o feito impressionante desses aviadores portugueses. É também um ótimo ponto de encontro para quem deseja absorver a tranquilidade do Alentejo em meio à cidade.